terça-feira, 19 de julho de 2016

O que me faz feliz a mim

Acordei bem cedo. Abri a janela e uma brisa quente toca o meu rosto. Do lado de fora o céu tem cores quentes e vibrantes, daquelas que antecedem um nascer do sol. E abro o meu livro, porque ler me transforma, me faz ser melhor pessoa e (sem dúvida) mais feliz.

Peguei num livro que tenho há alguns anos, o Como Ser Feliz da Sonja Lyubomisrky e voltei a embrenhar-me nas suas páginas (releio vezes sem conta os meus livros favoritos). Este livro fala de estratégias que, segundo a ciência, aumentam a nossa felicidade. Contudo, algumas resultam mais com umas pessoas, enquanto outras estratégias funcionam melhor com outras. Tudo depende da nossa personalidade e do que aprendemos a gostar ao longo da vida.

Os anos foram passando e desde que tenho aquele livro, já experimentei muita coisa. A verdade é que me sinto mais feliz do era nessa época. Sei que tenho muita coisa a melhorar, mas a parte divertida também passa por aí: naquilo que fazemos para transformar a nossa vida em algo mais positivo.

Por tudo isto resolvi reflectir sobre a minha própria felicidade. O que me faz mais feliz e quais as estratégias a que poderia dar mais atenção. Vejamos então.

Expressar a gratidão
É algo que me sai naturalmente. Especialmente a estas horas, quando o sol nasce. Levanto-me, pego no meu livro e vou para a varanda. Mas, nestes momentos só meus, também falo com Deus e agradeço-lhe pelo que tenho de bom na minha vida. Não sei, mas sinto que a gratidão faz-nos prestar atenção em coisas que temos como garantidas. Lembra-nos o quão bom é tê-las na nossa vida e o quanto elas precisam de ser cuidadas. Lembra-nos também que por pior que seja o momento que estejamos a viver, há sempre algo de bom ao qual nos podemos agarrar.

Não tenho escrito um diário de gratidão. Ainda assim, ao deitar, eu e a minha filha fazemos o «jogo das coisa boas». Ambas dizemos pelo menos 3 coisas boas que aconteceram ao longo do dia. E agradecemos por isso.

Sinto que durante o dia me esqueço um pouco disto. No meio da correria, sinto-me menos grata. Talvez o segredo resida em parar uns segundos e relembrar a mim mesma o que tenho de bom.

Cultivar o optimismo
Há anos eu era o pessimismo em pessoa, mas com o tempo aprendi a ver o mundo com outros olhos. Comecei a ler sobre o assunto (novamente os livros!) e aprendi uma série de estratégias para ser mais optimista. E acredita, têm feito toda a diferença na minha vida! Hoje sinto-me mais calma e vejo o mundo de forma mais abrangente. Se há coisas más, também há o lado bom. E nada dura para sempre... podemos sempre melhorar.

Sinto-me também mais responsável por contribuir para um mundo melhor. Criticar é fácil, mas porque não seguir o caminho mais difícil e agir? As palavras da Madre Teresa, transformaram-se na minha citação favorita: "O que eu faço, é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor."

Evitar pensar demasiado ou não ruminar


Tenho um longo caminho a percorrer neste campo. Quando enfrento situações muito complicadas é difícil abstrair-me disso. Fico ali tempos e tempos a pensar no mesmo e nem sempre me concentro na solução.

Mas vêem-me à cabeça as palavras da minha querida e inspiradora tia N.: "A melhor forma de não ficares a remoer os problemas é manter a cabeça ocupada. Nessas alturas tento fazer o máximo de tarefas possíveis. No fim estou tão cansada, que o problema já me parece bem menor e já consigo pensar em como resolvê-lo". A minha tia é verdadeiramente sábia, ela consegue pôr isto em prática com uma naturalidade incrível. E a verdade é que quando experimentei esta estratégia de distracção, resultou lindamente. Algo a repetir, portanto.

Evitar a comparação social
E nesta reflexão apercebo-me que a comparação social não faz parte dos meus hábitos. Fico genuinamente satisfeita quando outras pessoas conseguem alcançar os seus sonhos. Para mim, são uma inspiração!

Comentários como "Aquele teve tudo de mão beijada, já eu tive de me esforçar para conseguir alguma coisa.", definitivamente não encaixam na minha personalidade.

Na verdade concentro-me mais na minha própria evolução. Sinto uma satisfação enorme quando constato que o meu esforço valeu a pena, ou como consegui desenvolver o meu «eu» ao longo dos anos.

Praticar a generosidade
Para mim ser bom faz todo o sentido. Acredito que os males do mundo têm muito que ver com ódios, desamor, inveja, e, sobretudo, falta de crescimento espiritual/pessoal. Tudo seria melhor se as pessoas colocassem em primeiro lugar o amor, a bondade e a sua própria paz interior.

Não costumo fazer alarido dos meus actos de bondade. Mas creio que o último foi esta semana, quando cedi o meu lugar a um idoso. Acredito que ele ficou contente, mas eu fiquei muito mais! É impressionante como ajudar os outros nos faz bem. E nem precisamos de ir longe. Por vezes um gesto, uma palavra junto de quem mais amamos também faz a diferença.

Cuidar das relações
As relações positivas, segundo a ciência, são das coisas que mais podem contribuir para a nossa felicidade.

Analisando bem, tento sempre melhorar e ser boa mãe. Não é tarefa fácil, pois há muitos desafios pelo caminho. E apesar de estar longe de ser perfeita, dou o melhor que consigo pelos meus filhos. Tento criar actividades que fiquem na sua memória e ser um exemplo para eles. Porque tudo o que quero é que cresçam saudáveis e felizes.

O meu marido é a minha metade, o amor da minha vida e o meu companheiro de jornada. Tento dedicar tempo e energia à nossa relação, mas sinto que devo demonstrar mais o meu amor no dia-a-dia (tenho de reler este post, para me inspirar).

Quanto às relações sociais, mudei muito. Há uns anos tinha dezenas de amigos e ainda algumas melhores amigas. Agora as pessoas convidam-me para sair, para conversar e eu... não consigo evitar pensar que deveria estar a fazer outra coisa: "Tenho tantas tarefas e estou aqui sentada só a conversar!". Não sei explicar, talvez queira ter mais tempo para mim própria e para os meus (e o tempo já é tão escasso!), que tenha colocado as relações sociais em segundo plano. O que vai subsistindo são os telefonemas e as mensagens, mas só para aquelas que são as minhas melhores amigas.

Desenvolver estratégias para lidar com as situações negativas

Num primeiro momento, confesso que rumino bastante sobre o assunto. Não é o certo. Não é o caminho para a felicidade.


Mas ao mesmo tempo, nunca baixo os braços. Após acalmar (e tenho é de aprender a acalmar!), vou sempre procurar soluções. Pesquiso, informo-me, procuro apoio... e o que era tão negro, transforma-se em luz ao fundo do túnel. Às vezes a solução surge do conselho de alguém, das palavras de um livro, ou algures na internet. Mas o importante mesmo, é procurar soluções e agir!


Aprender a perdoar
Na minha caminhada pela vida tive algumas desilusões. O que mais me magoou foi o facto de não estar mesmo nada à espera e de tudo partir de pessoas em quem confiava.

Mas cresci. Aprendi que as pessoas não são perfeitas, erram e magoam os outros. Há pessoas que nem sequer são capazes de admitir os seus próprios erros e pedir perdão.

Ainda assim, libertei-me da ira ou dos ressentimentos. Não vou esquecer, nem sequer voltar a confiar, mas também não quis ficar eternamente com esta pedra no sapato. Perdoei, talvez até mais por mim própria. Essa era a melhor forma de seguir em frente. Sem medos, sem amarguras.

Praticar mais actividades que realmente me atraiam
Tão bom termos tempo só para nós. Estes momentos são-me preciosos. Mesmo sendo escassos (apenas alguns minutos diários), tornam tão melhor o meu dia.

Nestas alturas costumo embrenhar-me em actividades que me apaixonam, relacionadas com o meu propósito de vidaPosso estar sentada a ler, a escrever no blog, a tirar fotografias, ou até a realizar tarefas para concretizar algum sonho... tudo isto me faz tão bem!

O segredo é incluir estas experiências de fluxo no nosso dia-a-dia. Mesmo que tenhamos muitas obrigações a cumprir, estas dão um sabor único à nossa vida. O sabor da felicidade.

Saborear as alegrias da vida

Mais uma coisa que me sai com uma naturalidade tremenda. Prestar atenção na beleza das pequenas coisas, deleitar-me com os pequenos prazeres do dia-a-dia, saborear os milagres que acontecem à minha volta. É das coisas que mais felicidade me traz.

Assistir ao nascer do sol, ler um bom livro, ver uma borboleta a saltitar nas minhas plantas, escutar as gargalhadas dos meus filhos, sentir o cheiro a mar... há tanta coisa aparentemente simples, que nos pode fazer feliz!



Comprometer-me com os meus objectivos 
Divirto-me imenso tentando alcançar os meus objectivos. Costumo traçar um plano e estabelecer tarefas para o meu dia-a-dia. Planear, planear... E depois agir.

Tudo isto me dá imenso prazer. E a partir do momento que atingi o meu primeiro objectivo, percebi que tinha motivação e capacidade para alcançar grande parte dos meus sonhos. E vou à luta!

Há pessoas que se iludem. Pensam que só serão felizes quando concretizarem determinado sonho. Mas a verdade, é que a vida tem outro sabor se apreciarem a jornada até lá chegar.

Também há quem pense que alguns são sortudos e por isso alcançam os seus objectivos. Mas sonhar sem planear e sem agir, pode fazer com que um sonho nunca se torne realidade. Não acredito só na sorte, acredito no trabalho. E lutar por objectivos importantes que estejam em consonância com o nosso propósito de vida, pode trazer-nos sem dúvida dias mas felizes.

Praticar a religião e a espiritualidade
Não creio propriamente em religiões, mas em Deus. Acredito que há um Ser superior que quer que sejamos bons, quer que os nossos valores assentem no amor ao próximo, no respeito por todas as criaturas. Acredito num Ser que também nos ama, que deseja que sejamos felizes.

Quando me sinto em baixo, falo com Deus, ou leio qualquer coisa mais espiritual e parece surgir uma luz ao fundo do túnel. Mas a minha espiritualidade não assenta tanto neste ponto. Sou mais de agradecer a Deus pelo que tenho de bom, pelas coisas boas que me rodeiam.

Há quem vá à igreja, mas a sua espiritualidade é oca. Repetem orações vezes sem conta, sem lhe atribuir significado. O espiritual vai além disso. É acreditar em algo mais profundo, é ter como filosofia de vida a bondade e o amor e ter fé de que no fim, tudo ficará melhor.


Cuidar do meu corpo
Neste momento, sinto que não tenho tempo para cuidar do meu corpo como deveria. No meu dia ideal praticaria meditação, faria yoga, alimentar-me-ia de forma saudável e teria mais cuidados de beleza. (Nota: rir e sorrir, também estão incluídos nos cuidados com o corpo!).

Não faço o desejável, mas sempre que posso pratico estas atividades. E a verdade é que me sinto tão melhor quando o faço...

É uma situação a melhorar. Mas para mim a vida é mesmo isso, uma melhoria contínua, um aprimorar dos nossos hábitos. Por isso, tenho fé que aos poucos irei respeitar e cuidar mais do meu corpo.

««»»

É esta a etapa em que me encontro actualmente. Dei uns passos pelo caminho da felicidade e ainda tenho muito a trilhar.

E tu, já pensaste no que te faz feliz a ti? Onde podes investir a tua energia, para teres uma vida melhor?

Sugiro-te o seguinte:
- faz este teste para saberes quais as actividades que têm mais probabilidade de te fazer feliz;
- lê este texto se quiseres ser mais feliz, mas não souberes por onde começar.

Fotos: Mafalda S.
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"A Felicidade é o Caminho" também está aqui:

6 comentários:

  1. Adoro ler coisas que me possam transmitir algum ensinamento. E bem que este blog é um excelente exemplo.
    Concordo com as suas sugestões. Mas, confesso, e talvez por ser uma mulher lutadora, que ainda, sim, vai havendo quem não tenha tido necessidade de iniciar a sua vida pelo primeiro degrau e, sendo sortudos ou não, estão em lugares prestigiadamente cómodos. Eu não invejo, mas revolta quem luta uma vida. Por isso admiro a humildade, a vontade de aprender e a dedicação prestada a qualquer trabalho e não responder, como já escutei tantas e tantas vezes: "ai essa não é a minha área..., ou, agora sou tapa buracos, não?!, etc."

    Boa semana e muita felicidade, Mafalda!

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    Respostas
    1. No meu caso não faz parte da minha personalidade invejar quem lutou e alcançou os seus sonhos. Contudo,uma coisa é esforço ou até sorte, outra é injustiça social e com essa claro que não concordo, nem compactuo. Valorizo sim quem trabalha nos seus objectivos, sem prejudicar os outros. Para mim são uma fonte de inspiração! Para além disso, valorizo pessoas que percebem que para isto correr bem, não têm só direitos, mas deveres também. Cada um deve cumprir a sua parte. Mas invejar quem se esforçou para o conseguir e por vezes até lhe infernizar a vida, não faz realmente parte dos meus valores.

      Beijinhos e dias felizes para ti também.

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    2. Obrigada.

      Somos muito parecidas, Mafalda. Parece-me!

      Obrigada pelas sugestões. Sabe tão bem 'conversar'/ler com pessoas que nos incitam à tranquilidade.

      Obrigadíssima.

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  2. Olá Mafalda,
    Já a leio-o há algum tempo, mas é a primeira vez que comento. Faço-o para lhe agradecer tudo o que partilha connosco.
    Obrigada por trazer alegria e cor aos meus dias!
    Boa semana

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  3. Que artigo maravilhoso! :) Há muito tempo que não lia algo que me fizesse tanto sentido como este texto. Obrigada. :)

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  4. Espetáculo :) Adoro ler estes posts :) Sempre que os leio aprendo sempre alguma coisa :) Fico com o coração cheio :)
    Obrigado, obrigado por estas partilhas fantásticas :) Obrigado por estes ensinamentos, porque estas palavras são ensinamentos :)
    Eu muito grata ;) Obrigado Mafalda :)

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